Adoro os livros de Jostein Gaarder porque abordam, questões e/ou temas para as quais o ser humano ainda não encontrou respostas.
Os temas abordados neste magnífico livro situam-se nas questões de fórum existencialista, abarcando o mistério do cosmos, o mistério da vida e o mistério da morte.
Centrando sobre o mistério da morte, é sabido que a nossa sociedade e cultura, evita falar sobre a morte. Sendo ela - "a morte" - um grande "tabu" nos dias de hoje. Por esta razão, as pessoas numa situação de perda de um conhecido/amigo não sabem como se comportar. O que é perfeitamente normal, tendo em conta que é um "tabu" e por isso evita-se falar-se sobre o mesmo. As pessoas nessas circunstâncias acabam por manifestar a sua solidariedade através de, frases feitas, como por exemplo: "Os bons não pertencem a este mundo". As pessoas que recorrem a este tipo de frases feitas, penso eu que não reflectem muito sobre os significados das mesmas. Pois se reflectissem, depreenderiam que dizer isso ao conhecido/amigo no momento de pesar, é extremamente descabido e agressivo. Ora vejamos, se "os bons não pertencem a este mundo", posso concluir que ser mau prolongaria-me a vida, certo? As pessoas de uma forma geral, limitam-se simplesmente a repetir as mesmas frases como se se tratassem de um "ROBOT HUMANIZADO".
Como lidar com este "tabu"? Digo-vos que o caminho para lidar com o "tabu" associado à morte, é o de preparar as pessoas para a morte de uma forma construtiva, ou seja, a morte é irmã gémea da vida, uma não existe sem a outra. Não é por a ignorarmos, que vamos sair ilesos ou conseguir escapar à morte, ninguém o conseguiu, pelo menos que eu tenha conhecimento disso. E vocês conhecem alguém que se tenha tornado imortal?
Depois de ter-vos exposto a ideia principal que retive deste livro, deixo-vos uns excertos do manifesto inserido neste livro, com o propósito de vos aguçar a curiosidade e levar-vos a ler "Maya - O Romance da Criação" de Jostein Gaarder:
"Leva-se milhares de milhões de anos a criar um ser humano. E só uns segundos a morrer."
"Ao morrer, assim como a cena está fixada no rolo da película, e os cenários ruíram e arderam, somos fantasmas na lembrança que os nossos descendentes têm de nós. Então somos fantasmas, querido, somos mito. Mas ainda estamos juntos, ainda somos um passado comum, um passado remoto eis o que somos. Sob um relógio de passado mítico escuto a tua voz."
"Os elfos estão agora no conto, mas são aquilo para o qual não há palavras. Seria o conto um verdadeiro conto se fosse capaz de se ver a si mesmo? Causaria impacte a vida diária se estivesse constantemente a explicar-se a si própria."